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segunda-feira, 10 de junho de 2019

SOCORRO! ESTOU EM CRISE PASTORAL


Nos meus trinta e um anos de evangelho e nove na vida pastoral, nunca havia ouvido tanto de pastores em crise como estou ouvindo atualmente. Sem contar a onda de suicídios e os que estão desistindo do ministério pastoral. Acredito que o número dos casos citados pode ser ainda maior, mas que não foram revelados.


O que realmente está acontecendo? Quem tem a resposta correta?


CRISE DA FAMÍLIA X IGREJA


Acredito que a correria para se dividir entre família e igreja tem sido o carro chefe dos problemas da crise pastoral. Primeiro porque para manter a família é preciso dinheiro que será de acordo com a qualidade de vida de cada pastor.

Segundo, para manter a igreja é preciso que membros e congregados sejam participantes com dízimos e ofertas para manter as despesas relacionadas a mesma. Quando os membros entram em crise financeira 90% não cortam e nem diminuem despesas com TV a cabo, Internet, Lazer, Animais doméstico, e itens supérfluos. Cortam de imediato os dízimos e as ofertas. A contribuição para a obra são substituídas por sobras às quais considero como esmolas. Forte isso não é mesmo? Mas é meu ponto de vista.

Quando a igreja não cobre as despesas, o pastor se vê na condição de mantê-la e ai tem que envolver a renda familiar, que muitas vezes já está no limite. Dai se inicia a crise pastoral.


CRISE DA FALTA DE LAZER


Outro ponto que vejo é que os pastores e famílias são privados de fazer o que realmente gostariam de fazer em relação a lazer. Lembro-me de um filho de pastor que me disse que o pai depois que passou a ser crente a casa deles virou um cemitério. Não tinha mais os amigos, festas, não viu seu pai dançar mais com sua mãe, não assistiam mais filmes juntos, entre outras proibições que a igreja pregava ser pecado. Já fui em vários passeios evangélicos e pude ver como 90% dos membros das igrejas e pastores são bons de sinuca, totó, tênis de mesa, nos jogos de tabuleiros, entre outros que se um dos pastores tivesse sinuca em casa poderia perder uma parte da membresia e ainda ser mal visto pelos colegas do seu e de outros ministérios. Colegas esses que queriam também participar das mesmas atividades, mas que não praticam para não causar “escândalo”, mas se um dia desistir do ministério, pode ter a certeza que vai direto praticar tudo aquilo que estava com vontade e não fazia para não perder a moral com a capa que vestia diante o público que o cerca.

Quando estes mesmos pastores estão longe de casa e do seu rebanho, tipo em outro estado, a primeira coisa que fazem e pedir uma cerveja ao som de uma boa musica ao vivo. Depois pedem perdão a Deus, voltam para a sua congregação para julgar “os fracos na fé”. Isso não é utopia e pura realidade.

vejo aqui dois extremos onde de um lado tem um grupo de pastores que prega mais o que não pode do que pode para os membros da igreja. Na outra extremidade tem o que pode tudo, até tomar uma cervejinha entre eles. Acredito que os dois lados estão em crise a qual em qualquer momento vai aflorar.


CRISE DE IDENTIDADE PAIS E FILHOS


Um pastor amigo dizia em seu sermão que os pais dele o levava para a igreja com seus três irmãos e todos ficavam sentados do inicio ao fim do culto e não levantava nem para ir ao banheiro nem para tomar agua. Lembrava ele que não existia departamento infantil na época e caso se comportasse mal na igreja, em casa eram repreendidos e podiam até levar umas palmadas. Todos hoje estão na igreja.

Estamos vivendo uma geração onde não são mais os pais que levam os filhos para a igreja, são os filhos que escolhem uma igreja que melhor lhe agrada e leva seus pais. Na maioria das vezes a igreja que agrada não é mais a igreja que tem uma boa palavra, tem que ter uma boa palavra e que fale o que o povo goste e não o que é preciso falar, que faça o povo rir mais do que sair pensando na sua condição espiritual.
Não estou aqui defendendo uma denominação e acusando outra, estou apenas querendo mostrar que muitos pastores perdem seus filhos para denominações que tem algo a mais que o satisfaça e que o seu "paistor" não aceita. O pastor que perde seus filhos para outra denominação, pode até não dizer nada, mas não venha me dizer que pra ele está tudo bem. O que ele vai dizer para os jovens da igreja dele? Ser pastor com filhos pequenos antes de se tornarem adolescentes é uma coisa. já vi pastores mudar toda a estrutura da igreja, inclusive a pregação depois que seus filhos se tornaram adolescentes para não vê-los indo embora da denominação.



CRISE DA IGREJA VIRTUAL PARA DESIGREJADOS


Estamos vivendo uma geração onde ser desigrejado e melhor, pois não tem que dar dez por cento do que ganha, pode cantar musicas mundanas nas redes sociais, em rodinhas de amigos, frequentar barzinhos sem precisar dar satisfação a ninguém.

Hoje o mais importante para quem frequenta igreja não é agradar a Deus e sair do culto dizendo que foi muito bom, atingiu todas às expectativas. Sem contar a opção de pregadores na internet, onde se escolhe o tema e o palestrante e ouve exatamente o que agrada e fica na sensação de ter ouvido a palavra certa. O que mais se vê hoje nas redes sociais são pessoas que não tem compromisso com igreja nenhuma postando versículos bíblicos, vídeos dos seus pregadores preferidos, entre outros assuntos que comprovam que servem a Deus da sua maneira e estão muito bem obrigado.
Um casal de pastores me disse que não faz mais culto gravando ao vivo pelas redes sociais, porque os membros deixavam de ir para o templo, alegando que era mais confortável e seguro ficar assistindo em casa.
Dá mesma forma que o e-commerce (compras pela internet) tem crescido, acredito que o e-culto (igreja virtual) tem seu público garantido.


CRISE DO COMBO PERFEITO


O que a igreja do meu amigo está oferecendo melhor que à igreja que eu frequento? Tal geração está afetando a vida pastoral que está perdendo força para acompanhar o ritmo frenético dos cultos show. E para manter os membros, fazem o que eles pedem ou perderão para a igreja “concorrente” (desculpe a expressão) que já tem um combo perfeito para cada família que chega.

Certo dia um pai de um jovem me ligou dizendo que ninguém da família tinha feito tatuagem, até que o jovem começou frequentar uma igreja e em certo culto o pasto arregaça a manga da sua camisa e mostra que fez uma tatuagem com o nome Jesus. O que aconteceu? Isso mesmo o jovem chegou em casa com uma tatuagem igual a do pastor. Certamente muitos membros de outras igrejas que não podiam fazer tatuagem, foram pra lá e outros que não aceitaram saíram em busca de um novo pastor.

Tenho visto pastores acusando outros por causa de eventos e atividades que os colegas permitem em suas denominações, tem pastores que dizem: Aqui não se faz sem João com Cristo, mas faz noite do rock, reggae, entre outros ritmos. Outros dizem que não concorda com grupos de dança, mas usa a nave do templo para ensinar artes marciais. Acredito que cada um vai prestar contas a deus pelo seu rebanho e que não precisa antecipar o julgamento.

PASTOREIO DE PASTORES A CLÍNICA PASTORAL


Acredito que o caminho para enfrentar a crise pastoral é a unidade, e no pastoreio de pastores tenho encontrado amigos que muito me orientam em tempos de crise e eles dizem a mesma coisa. Temos desfrutado de momentos de lazer, orações, estudos, entre outras atividades em parceria denominacional. Não que seja o lugar perfeito, mas que meu círculo de amizades cresceu quando comecei a participar das reuniões. 

Poderia citar muitas outras crises, algo que farei em outro momento.


Texto retirado do livro: Sou pastor e agora? (lançamento em breve)